quarta-feira, 31 de outubro de 2012
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
terça-feira, 16 de outubro de 2012
COMO SALVAR O HAGAQUE
Entrar no site http://www.nied.unicamp.br/~hagaque/
baixar o programa na sua máquina e monte sua história
Depois de montar o hq, clica em:
1- arquivo
2- salvar como
Abrirá uma janela do hagaque e escrever o AUTOR e o TITULO do hq, dar um nome ao arquivo.
3-novamente em arquivo
4-publicar na internet
Aparecerá o autor e o titulo, digitar o arquivo novamente (pode ser outro nome para diferenciar).
É bom conferir o que salvou, pois quando for postar no blog, fica mais facil o caminho e boa sorte!
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
A educação está no Gibi
Houve um tempo em que histórias em quadrinhos só entravam na escola se fossem escondidas no meio de um livro. E outro no qual “especialistas” do Ministério da Educação afirmavam que as HQs causavam “lerdeza mental”. Nos dias de hoje, porém, pesquisas indicam que a simples leitura de quadrinhos melhora a proficiência de alunos e, mais ainda, se bem utilizadas, elas podem ser uma forte aliada do professor em sala de aula. É o que defende – e explica como fazer – o cartunista e mestre em Educação DJota Carvalho, em A educação está no gibi, livro publicado pela Papirus Editora.
DJota, que também foi professor de Teoria da Comunicação na PUC-Campinas - nas graduações de Jornalismo, Publicidade e Relações Públicas - e ministra palestras sobre como utilizar quadrinhos há mais de uma década no projeto Correio Escola, conta no livro não só como o professor pode utilizar diretamente as HQs nas mais diversas disciplinas, como também faz uma mini-oficina ilustrada com dicas para produzir uma história em quadrinhos como trabalho multidisciplinar. “É possível usar Mônica e Cebolinha pra ensinar matemática, Super-heróis para Física e Química, quadrinhos Disney e Asterix para história, Xaxado e Príncipe Valente para geografia...não há limites. Na verdade, a única disciplina para a qual não achei uma forma de contribuir com as HQs é Educação Física. Por enquanto”, diz o autor.
A educação está no gibi tem prefácio de Fernando Gonsales, autor da tira Níquel Náusea, e a apresentação do livro é uma história em quadrinhos de quatro páginas, desenhada pelo premiado cartunista Bira Dantas.
"O Bira colocou tantos detalhes e personagens de quadrinhos nos cenários da HQ que só ela já vale o livro", diz DJota.
A obra tem sete capítulos, todos ricamente ilustrados, nos quais DJota primeiro explica um pouco sobre diferenças entre as artes gráficas (charge, cartum, HQs, tiras e caricaturas), depois fala sobre a história da HQ no Brasil e no mundo e, ainda, faz um histórico da conturbada relação entre HQs e educação no país.
“Achei importante contextualizar um pouco, para que o professor não caia de pára-quedas na história. Por isso mesmo, antes de entrar nos exercícios específicos, ainda falo um pouco sobre mangás, os quadrinhos japoneses que hoje em dia assustam muitos pais e educadores, e já ensino a fazer um exercício de português e estudo do folclore usando Dragon Ball, o mais popular dos desenhos do oriente”, conta.
“São dois ou três exercícios por disciplina, às vezes mais. Há exemplos para uso no ensino infantil, fundamental e médio,e o professor pode fazer suas próprias adaptações ou até mesmo pedir ajuda, pelo e-mail disponibilizado no livro”, diz.
Por fim, no último capítulo, o autor dá dicas básicas, todas ilustradas, para professores e alunos produzirem histórias e até montarem um fanzine em sala, como atividade multidisciplinar. "Muitos professores tentam produzir uma história com os alunos em sala, mas sempre se defrontam com os mesmos problemas, como textos que não cabem em balões e a dificuldade em desenhar os quadrinhos, por exemplo. Por isso inclui uma mini-oficina no livro, para mostrar como superar estes problemas e transformar a atividade de fazer HQs em algo mais simples e divertido, mas ao mesmo tempo rico em conteúdo escolar”, diz.
Para DJota, as HQs são uma mídia atraente, financeiramente acessível e fácil de usar. "Tem gente que acha que quadrinhos são coisa de criança, mas eles são muito mais do que isso: são uma forma eficiente de melhorar o ensino e a relação professor/aluno”, conclui. O livro foi publicado pela Papirus Editora, tem 112 páginas.
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quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Pedro Demo aborda os desafios da linguagem no século XXI
O tema de sua palestra é “Os desafios da linguagem do século XXI para a
aprendizagem na escola”. Quais são os maiores desafios que professores e
alunos enfrentam, envolvendo essa linguagem?
A escola está distante dos desafios do século XX. O fato é que quando as crianças de hoje forem para o mercado, elas terão de usar computadores, e a escola não usa. Algumas crianças têm acesso à tecnologia e se desenvolvem de uma maneira diferente - gostam menos ainda da escola porque acham que aprendem melhor na internet. As novas alfabetizações estão entrando em cena, e o Brasil não está dando muita importância a isso – estamos encalhados no processo do ler, escrever e contar. Na escola, a criança escreve porque tem que copiar do quadro. Na internet, escreve porque quer interagir com o mundo. A linguagem do século XXI – tecnologia, internet – permite uma forma de aprendizado diferente. As próprias crianças trocam informações entre si, e a escola está longe disso. Não acho que devemos abraçar isso de qualquer maneira, é preciso ter espírito crítico - mas não tem como ficar distante. A tecnologia vai se implantar aqui “conosco ou sem nosco”.
A linguagem do século XXI envolve apenas a internet?
Geralmente se diz linguagem de computador porque o computador, de certa maneira, é uma convergência. Quando se fala nova mídia, falamos tanto do computador como do celular. Então o que está em jogo é o texto impresso. Primeiro, nós não podemos jogar fora o texto impresso, mas talvez ele vá se tornar um texto menos importante do que os outros. Um bom exemplo de linguagem digital é um bom jogo eletrônico – alguns são considerados como ambientes de boa aprendizagem. O jogador tem que fazer o avatar dele – aquela figura que ele vai incorporar para jogar -, pode mudar regras de jogo, discute com os colegas sobre o que estão jogando. O jogo coloca desafios enormes, e a criança aprende a gostar de desafios. Também há o texto: o jogo vem com um manual de instruções e ela se obriga a ler. Não é que a criança não lê – ela não lê o que o adulto quer que ele leia na escola. Mas quando é do seu interesse, lê sem problema. Isso tem sido chamado de aprendizagem situada – um aprendizado de tal maneira que apareça sempre na vida da criança. Aquilo que ela aprende, quando está mexendo na internet, são coisas da vida. Quando ela vai para a escola não aparece nada. A linguagem que ela usa na escola, quando ela volta para casa ela não vê em lugar nenhum. E aí, onde é que está a escola? A escola parece um mundo estranho. As linguagens, hoje, se tornaram multimodais. Um texto que já tem várias coisas inclusas. Som, imagem, texto, animação, um texto deve ter tudo isso para ser atrativo. As crianças têm que aprender isso. Para você fazer um blog, você tem que ser autor – é uma tecnologia maravilhosa porque puxa a autoria. Você não pode fazer um blog pelo outro, o blog é seu, você tem que redigir, elaborar, se expor, discutir. É muito comum lá fora, como nos Estados Unidos, onde milhares de crianças de sete anos que já são autoras de ficção estilo Harry Potter no blog, e discutem animadamente com outros autores mirins. Quando vão para a escola, essas crianças se aborrecem, porque a escola é devagar.
Então a escola precisa mudar para acompanhar o ritmo dos alunos?
Precisa, e muito. Não que a escola esteja em risco de extinção, não acredito que a escola vai desaparecer. Mas nós temos que restaurar a escola para ela se situar nas habilidades do século XXI, que não aparecem na escola. Aparecem em casa, no computador, na internet, na lan house, mas não na escola. A escola usa a linguagem de Gutenberg, de 600 anos atrás. Então acho que é aí que temos que fazer uma grande mudança. Para mim, essa grande mudança começa com o professor. Temos que cuidar do professor, porque todas essas mudanças só entram bem na escola se entrarem pelo professor – ele é a figura fundamental. Não há como substituir o professor. Ele é a tecnologia das tecnologias, e deve se portar como tal.
Qual é a diferença da interferência da linguagem mais tecnológica para, como o senhor falou, a linguagem de Gutenberg?
Cultura popular. O termo mudou muito, e cultura popular agora é mp3, dvd, televisão, internet. Essa é a linguagem que as crianças querem e precisam. Não exclui texto. Qual é a diferença? O texto, veja bem, é de cima para baixo, da esquerda para a direita, linha por linha, palavra por palavra, tudo arrumadinho. Não é real. A vida real não é arrumadinha, nosso texto que é assim. Nós ficamos quadrados até por causa desses textos que a gente faz. A gente quer pensar tudo seqüencial, mas a criança não é seqüencial. Ela faz sete, oito tarefas ao mesmo tempo – mexe na internet, escuta telefone, escuta música, manda email, recebe email, responde - e ainda acham que na escola ela deve apenas escutar a aula. Elas têm uma cabeça diferente. O texto impresso vai continuar, é o texto ordenado. Mas vai entrar muito mais o texto da imagem, que não é hierárquico, não é centrado, é flexível, é maleável. Ele permite a criação conjunta de algo, inclusive existe um termo interessante para isso que é “re-mix” – todos os textos da internet são re-mix, partem de outros textos. Alguns são quase cópias, outros já são muito bons, como é um texto da wikipedia (que é um texto de enciclopédia do melhor nível).
Qual a sua opinião sobre o internetês?
Assim como é impossível imaginar que exista uma língua única no mundo, também existem as línguas concorrentes. As sociedades não se unificam por língua, mas sim por interesses comuns, por interatividade (como faz a internet por exemplo). A internet usa basicamente o texto em inglês, mas admite outras culturas. Eu não acho errado que a criança que usa a internet invente sua maneira de falar. No fundo, a gramática rígida também é apenas uma maneira de falar. A questão é que pensamos que o português gramaticalmente correto é o único aceitável, e isso é bobagem. Não existe uma única maneira de falar, existem várias. Mas com a liberdade da internet as pessoas cometem abusos. As crianças, às vezes, sequer aprendem bem o português porque só ficam falando o internetês. Acho que eles devem usar cada linguagem isso no ambiente certo – e isso implica também aprender bem o português correto.
O senhor é um grande escritor na área de educação, e tem vários livros publicados. Desses livros qual é o seu preferido?
Posso dizer uma coisa? Eu acho que todos os livros vão envelhecendo, e eu vou deixando todos pelo caminho. Não há livro que resista ao tempo. Mas um dos que eu considero com mais impacto – e não é o que eu prefiro – é o livro sobre a LDB (A Nova LDB: Ranços e Avanços), que chegou a 20 e tantas edições. É um livro que eu não gosto muito, que eu não considero um bom livro, mas... Outros livros que eu gosto mais saíram menos, depende muito das circunstâncias. Eu gosto sobretudo de um livrinho que eu publiquei em 2004, chamado Ser Professor é Cuidar que o Aluno Aprenda. É o ponto que eu queria transmitir a todos os professores: ser professor não é dar aulas, não é instruir, é cuidar que o aluno aprenda. Partir do aluno, da linguagem dele, e cuidar dele, não dar aulas. O professor gosta de dar aula, e os dados sugerem que quanto mais aulas, menos o aluno aprende. O professor não acredita nisso, acha que isso é um grande disparate. Mas é verdade. É melhor dar menos aulas e cuidar que o aluno pesquise, elabore, escreva - aprenda. Aí entra a questão da linguagem de mídia: a língua hoje não é dos gramáticos, é de quem usa a internet. Então a língua vai andar mais, vai ter que se contorcer, vai ser mais maleável.
Então o professor gosta de dar aulas deve mudar esse pensamento?
É um grande desafio: cuidar do professor, arrumar uma pedagogia na qual ele nasça de uma maneira diferente, não seja só vinculado a dar aulas. A pedagogia precisa inventar um professor que já venha com uma cara diferente, não só para dar aulas e que seja tecnologicamente correto. Que mexa com as novas linguagens, que tenha blog, que participe desse mundo – isso é fundamental. Depois, quando ele está na escola, ele precisa ter um reforço constante para aprender. É preciso um curso grande, intensivo, especialização, voltar para a universidade, de maneira que o professor se reconstrua. Um dos desejos que nós temos é de que o professor produza material didático próprio, que ainda é desconhecido no Brasil. Ele tem que ter o material dele, porque a gente só pode dar aula daquilo que produz - essa é a regra lá fora. Quem não produz não pode dar aula, porque vai contar lorota. Não adianta também só criticar o professor, ele é uma grande vítima de todos esses anos de descaso, pedagogias e licenciaturas horríveis, encurtadas cada vez mais, ambientes de trabalho muito ruins, salários horrorosos... Também nós temos que, mais que criticar, cuidar do professor para que ele se coloque a altura da criança. E também, com isso, coloque à altura da criança a escola – sobretudo a escola pública, onde grande parte da população está.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
A revolução na educação brasileira
A
sala estava quase lotada. Era dia de reunião pedagógica no Centro do
Saber, uma instituição pública que fica na cidade de Nova Aliança.
O diretor anuncia a pauta central e o tema que irá focalizar: “como podemos melhorar o ensino que oferecemos”. A linha de ensino adotada pelos professores, com exceção de Pedro Paulo, é sustentada na teoria tradicionalista.
É dado início à reunião e o Sr. Diretor vai logo cobrando resultados. Ele afirma que tem recebido muitas críticas dos pais em relação ao baixo rendimento apresentado pelos alunos. Ao que imediatamente é rebatido pelo professor Jonas que considera esse fato devido à falta de interesse. Logo, imediatamente, recebe o apoio dos demais colegas, menos o Pedro Paulo que preferiu não se manifestar.
A reunião prossegue, quando alguém a interrompe. É exatamente o pai de um aluno que, insatisfeito, quer saber por que o Joãozinho fora reprovado. Mais uma vez quem toma a palavra é o professor Jonas que taxativamente diz para o pai que ele não conhece o filho que tem. A discussão continua, mas ambos não chegaram a uma conclusão do baixo rendimento do aluno em evidência. O pai se retira mais insatisfeito ainda, e a reunião tem prosseguimento.
Em seu canto, sempre em silêncio, está o Pedro Paulo. Quem é essa figura tão simplória? Pedro Paulo é o professor mais novo na escola. Ele tem apenas três anos de conclusão de curso e menos de um ano no Centro do Saber. Ele é professor de língua portuguesa. Veio do interior de Pernambuco.
Pedro Paulo é inteligente, mas um tanto quanto pacato. Sua simplicidade o faz, às vezes, tímido. Os colegas, mais “experientes” e antigos, não o consideram muito. Por conseguinte, ele tem muita dificuldade de relacionamento e de execução de seu trabalho. Muito embora já tenha percebido que algo anda errado com o ensino naquela escola.
O tempo segue e as coisas na escola continuam do mesmo jeito. São as mesmas estratégias pedagógicas ano após ano. Em conversa discreta com um colega de mais tempo na escola, o professor Pedro Paulo toma conhecimento que há pelo menos sete anos as práticas pedagógicas são as mesmas no Centro do Saber. Em contato também com alguns alunos, ele percebe que muitos estão mal acostumados a seguir estritamente as orientações dos “mestres”, quando seguem, se é que seguem realmente. Diante dessa angústia que vai tomando conta desse simples professor, resolutamente decide que precisa fazer alguma coisa.
Certo dia, em uma coordenação pedagógica ordinária, resolve falar. Seu pronunciamento parte do ponto de que essas práticas de ensino adotadas são a causa do baixo rendimento dos alunos. Mas logo é interpelado, desta vez não pelo professor Jonas, mas pela professora Matilde da Glória, que ironicamente o taxa de ridículo tudo isso que o professor Pedro Paulo estar a defender (ele falava exatamente de trocar o estilo tradicional de ensino para a aprendizagem significativa).
Mas que é isso, professor Pedro Paulo, o senhor é apenas alguém com experiência mínima no ensino. Isso é fruto de um imaginário sonhador que não conhece a realidade de nossa escola. Nós há muito tempo que estamos fazendo assim e tem dado certo. Se alguns alunos reprovam é porque não estão interessados. Desta vez foi o Jonas que bradou.
Reuniões e mais reuniões iam acontecendo e sempre o professor Pedro Paulo era combatido em suas ideias de mudança. Cansado disso, decidiu que deixaria aquela escola. Era uma decisão muito séria a que estaria para tomar, mas era preciso. Não podia mais esperar.
Decisão tomada, decisão cumprida. No dia 22 de dezembro de 2000, o professor Pedro Paulo pela última vez leciona naquela escola. Ele finalmente parte em busca de novas propostas de ensino. Agora, desempregado, mas sonhador, nosso ilustre personagem parte para desenvolver uma acurada pesquisa sobre educação. Dia-a-dia ele em seu micro navegava pelos mais diversos sites que falassem de educação. Após muita dedicação em sua pesquisa, ele percebe que o ensino a distância tem crescido assustadoramente. São muitas as escolas, em todo o mundo, que estão oferecendo essa modalidade de ensino online. No Brasil há também. Mas comparado a outros grandes centros internacionais, somos muito modestos.
Ele então tem um verdadeiro Insight. Percebe claramente que essa nova modalidade de ensino irá dominar todo o mercado educacional em pouco tempo. Animado pela sua descoberta, continua visitando vários portais para melhor entender esse sistema de ensino. Em determinado site que visita, percebe que há uma boa procura pelos cursos. Noutro, há uma boa diversidade de cursos oferecidos. Tudo isso o deixa simplesmente fascinado.
Passam-se aproximadamente seis meses desde o dia em que o Pedro Paulo deixara o Centro do Saber e cinco meses e vinte dias de sua pesquisa sobre educação. Após todo esse tempo, estudando acirradamente, muito ele aprendeu. Conheceu muitas tecnologias informatizadas para proporcionar um ensino mais eficiente e prazeroso. Dentre as suas muitas descobertas, ele percebeu que é possível tornar uma sala virtual muito próxima da realidade de uma sala tradicional, presencial, e que a tecnologia informatizada muito teria a contribuir em suas aulas presenciais. Isso lhe valeu o seu primeiro emprego depois que deixou a antiga escola.
Ele agora estava lecionando em uma escola que atuava nas duas modalidades de ensino: 70% presencial e 30% virtual. Estava gostando da nova casa, mas após 3 anos, fora demitido. A partir daí enfrentou muitas dificuldades. Talvez porque agora estava muito dividido entre o ensino presencial e virtual. Sempre otimista, buscava uma nova colocação.
Certo dia, tomou conhecimento de que uma escola internacional estava ministrando um curso completo para EAD (educação a distância), mas como pré-requisito, tinha de saber inglês fluentemente. Perdera a vaga, pois sabia apenas parcialmente. No entanto, não desistiu. Matriculou-se em uma escola de inglês virtual. Fora sua primeira experiência como aluno em um curso totalmente online. Ao ingressar no curso, muitos o taxaram de louco. Não irá aprender nada, disseram. Ledo engano. Ele aprendeu, e muito bem. Tanto é verdade que fora convidado por uma empresa internacional para um estágio remunerado por um período de um ano.
Terminado o estágio e agora com um certificado reconhecido internacionalmente. Partiu para novos desafios. Ele agora não era apenas um professor sem experiência, como o taxavam seus antigos colegas do Centro do Saber. Na bagagem profissional nada mais que: graduação em Letras – Habilitação Português/Inglês, pós-graduação em Linguistica Aplicada e Docência do Ensino Superior, Curso de Inglês intensivo oferecido pela Escola Novos Tempos, sediada no Brasil e Estados Unidos, experiência de ensino no Brasil e Estados Unidos, com passagem temporária também pelo Canadá e Nova Zelândia.
Depois de idas e vindas, altos e baixos, o professor Pedro Paulo é convidado por uma escola nos Estados Unidos para cursar gratuitamente o doutorado em Ciências da Educação, uma indicação de seu antigo diretor e amigo da Escola Novos Tempos.
No curso de doutorado, novas amizades, novas descobertas. A convite de um colega de curso, formam uma parceria para uma nova empreitada. A criação do primeiro Centro Internacional de Educação a Distância – CIEA – dentre os cursos oferecidos está o de Psicologia Aplicada a Educação. Após quase dez anos nos Estados Unidos, agora doutor em educação e empresário renomado decide voltar ao Brasil e visitar a antiga escola Centro do Saber. Para isso, recebe todo incentivo e apoio de seus colegas do CIEA.
De volta ao Brasil, o professor Pedro Paulo, assim gostava que o chamassem, faz uma visita ao Centro do Saber. A sala de reunião é a mesma. Tudo no mesmo lugar, uma poucas mudanças no quadro de pessoal.
Ansioso para contar tudo o que descobrira, procura o professor Jonas e a professora Matilde da Glória. Fala-lhes das muitas descobertas e que estaria disposto a ajudá-los. Aproveitando a ocasião da reunião naquele dia fala a um número aproximadamente de 22 professores. Que decepção! Eles não deram crédito ao doutor Pedro Paulo. Na verdade, riram-se dele. Não valorizaram todo seu aprendizado.
Ainda desejoso de ajudar, resolve procurar o diretor. Este convoca reunião com todos os professores para a próxima quarta-feira em que permitiria que Pedro Paulo fizesse uma exposição de motivos.
Desta vez, mais eufórico e enfático. O doutor Pedro Paulo faz uma exposição bem ordenada de tudo que descobrira e das novas possibilidades para o ensino. Em sua fala ele deixa bem claro que a educação virtual, em pouco tempo, dominará o mercado educacional e quem não estiver preparado, simplesmente deixará de ensinar, perderá definitivamente o seu espaço.
Gargalhadas sonoras ecoam por toda a sala. Parece até um coro musical ensaiado para aquela ocasião. Outra grande decepção sofrera o humilde professor Pedro Paulo, que jamais ostentou o título de doutor. Em seguida, o diretor o rejeita e o critica. Isso é coisa dos Estados Unidos. No Brasil, jamais a educação presencial deixará de existir. Sempre foi assim. Por que razão haveria de mudar. Faça-nos o favor, professor Pedro Paulo, de não mais nos ocupar com essas teorias tolas. Por favor, deixe-nos em paz. Você não serve para trabalhar conosco.
Com o coração dolorido por não poder ajudar aos seus antigos colegas de profissão, o doutor Pedro Paulo volta em definitivo para os Estados Unidos onde retoma suas atividades no CIEA. Desta vez, é recebido com bastante cortesia.
O tempo passa e a cada ano o CIEA vai ganhando mais espaço no cenário mundial, ou melhor, virtual. Em quase toda parte do mundo se ouve falar no CIEA. O doutor Pedro Paulo torna-se conferencista internacional e diretor-presidente do CIEA, sendo constantemente convidado para ministrar palestras em praticamente todas as grandes metrópoles internacionais.
No Brasil, o governo começa a aderir ao sistema de ensino virtual. Muitas escolas particulares já disponibilizam cursos cem por cento online. Novas tecnologias de informatização são implantadas. A cada dia o número de computadores interligados à grande rede virtual aumenta. O Intercâmbio entre escolas de diferentes nacionalidades cresce a passos gigantescos. A língua portuguesa, devido ao avanço da tecnologia informatizada no Brasil, passa a ser o primeiro idioma mais falado no mundo.
Praticamente, em todo parte tem alguem que domina o nosso idioma. Cursos em Língua Portuguesa são oferecidos a todo o mundo. A formação de professores passa a ser a grande preocupação e investimento do governo brasileiro. Ser professor no Brasil, representa agora status internacional. O menor salário pago a um professor, no Brasil, ultrapassa a cifra de 50 mil reais. O professor passa a ter tratamento com honraria.
Estes são os novos tempos. Ano de 2030 em que a tecnologia de informação propagou o Brasil aos quatro cantos do mundo. Somos referência mundial em educação e informatização. Somos um país que impõe respeito lá fora e orgulho de nossa gente.
O CIEA – Centro Internacional de Educação a Distância tem sua sede transferida para o Brasil. Seu diretor-presidente continua sendo o doutor Pedro Paulo. Sua força de vontade, seu dinamismo, e, principalmente, seu amor ao semelhante o tornaram um líder de referência internacional. Convidado a ser ministro de Educação do Brasil, assim o respondeu: “Em nosso país temos gente nova muito mais capaz que eu, demos, portanto, preferência a esses novos talentos”.
Ah! Você quer saber o que aconteceu ao Centro do Saber? Como fora previsto pelo doutor Pedro Paulo, deixou de existir. Em seu lugar fora criado um museu que retrata a história de um povo que não estava preparado para as mudanças. O guardião desse museu é o antigo professor Jonas. A servidora de limpeza é..., sim, a ex-professora Matilde da Glória. Quanto ao senhor diretor, dizem que ele mora de favor em um asilo para velhos. Ainda está lúcido, mas muito deprimido, acreditando que o antigo sistema de ensino vai voltar.
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